EV-20 Vantage

   O EV-20 Vantage deveria ser o primeiro VLJ (very light jet) fabricado no Brasil e começou a ser idealizado por uma equipe de engenheiros liderada pelo renomado projetista aeronáutico Guido Pessoti, ex-diretor técnico da Embraer e deveria ser certificado em 2006 e produzido em associação com a empresa Aeroálcool de Franca (SP). Tudo começou quando Mattews Eller, grande investidor do setor imobiliário e apaixonado por aviação, criou no Brasil a Eviation Jets do Brasil Ltda.

   O projeto deste VLJ é baseado no VA-10 criado por Burt Rutan em 1993, sob encomenda da empresa VisionAire Corp., de St. Louis que pretendia fabricá-lo em larga escala em Aimes no estado de Iowa, para satisfazer um nicho de mercado para jatos executivos de pequeno porte e baixo preço. O VA-10 é um aparelho de asa média com enflechamento negativo de 8,5 graus, propulsado por um único motor Pratt & Whitney Canada JT15D-5, com tração de 2.900 libras instalado internamente na parte traseira da fuselagem. Tinha capacidade para transportar quatro passageiros, voando à velocidade máxima de 648 km/h, à altitude de 41.000 pés, por 1.852 quilômetros. Depois de 300 horas de voos acumulados a VisionAire ficou sem dinheiro para dar continuidade ao seu desenvolvimento e faliu.

   O protótipo chegou a ser transladado para São José dos Campos onde o mesmo seria transformado no EV-20 Vantage cujas modificações seriam as seguintes: As asas antes de enflechamento negativo, passariam a ser sem enflechamento, de escoamento laminar e otimizada para altas velocidades com a finalidade de aumentar o espaço útil interno antes limitado pela configuração das asas médias com enflechamento negativo. O motor Pratt & Whitney Canada JT15D-5 seria substituído por dois motores turbofans Williams FJ44-1AP, com tração ao nível do mar na ordem de 2.100 libras cada, equipados com Fadec duplo e entrecruzado instalados em pilones na parte traseira da fuselagem. Com a substituição do único motor, a cauda teria que ser totalmente redesenhada a fim de deixar os fluxos dos novos motores longe dos estabilizadores horizontais que agora passariam e ter diedro negativo e também para melhorar a controlabilidade. Com a mudança das asas, um novo trem de pouso do tipo trailing-link seria desenvolvido pela Geômetra-Bureau de Tecnologia e Engenharia cuja sede se encontrava em São José dos Campos.

   Como resultado, o EV-20 Vantage teria uma velocidade máxima de 807 km/h, teto operacional máximo de 51.000 pés e alcance máximo 2.407 quilômetros, a cabine de pilotagem seria do tipo all-glass cockpit com sistema Garmin G1000 com três displays planos coloridos de cristal líquido de 15 polegadas, os comandos primários seriam atuados mecânicamente e os secundário seriam de atuação elétrica sendo que alguns teriam backups mecânicos. A aeronave estaria disponível em duas versões , uma executiva Super Club para sete passageiros e mais um piloto e uma Commuter para até nove passageiros e mais um piloto. A cabine ainda seria dotada de lavatório, bagageiro de mão e galley, com uma pressurização a 11 psi. Os investimentos para desenvolver e certificar o EV-20 Vantage eram estimados em 3 milhões de dólares, sendo que outros 10 milhões necessários para a fabricação do ferramental e lançamento da produção seriada. O preço do novo jatinho seria em torno de 2 milhões de dólares e a cadência de produção chegaria a 100 aeronaves / ano.

   Tudo não passou de um sonho de uma noite de verão e assim como o seu predecessor o VA-10 da VisionAire, o EV-20 Vantage ficou apenas na pretensão de ser o primeiro VLJ brasileiro. Concepção Artística do EV-20 Vantage- Revista Flap International